Terceirizado pagou R$ 1,8 milhão para sogro, cunhada e doméstica dos pais
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Edson Rodrigo Ferreira, terceirizado que trabalha na Conta Única, é filho de antecessora de Magda Curvo, e pagou R$ 856 mil para o sogro, R$ 344 mil para a cunhada e R$ 292 para a doméstica de seus pais
KLEBER LIMA (Hipernotícias)
O servidor terceirizado da Secretaria de Fazenda (Sefaz) Edson Rodrigo Ferreira Gomes, lotado na coordenadoria de Controle da Conta Única, fez pagamentos ilegais pelo sistema BB PAG de pelo menos R$ 1.883.780,00 para familiares e amigos, incluindo o próprio sogro, uma cunhada e até a empregada doméstica de seus pais.
Levantamento exclusivo feito por HiperNoticias nos últimos 14 dias identificou que o primeiro nome da lista de pagamentos ilegais da conta única contida no relatório realizado pela Auditoria Geral do Estado (AGE), Agnelo Mariano Filho, é sogro de Edson Rodrigo, que recebeu exatos R$ 856.100,00 do esquema de fraudes contra o Tesouro do Estado. Agnelo é pai de Thais, esposa de Edson Rodrigo, e que gerencia um restaurante aberto pelo casal em 2011 no bairro Boa Esperança, na região da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), chamado Barra Grill. Funcionários do restaurante confirmaram por telefone que Thais é quem gerencia o estabelecimento, e informaram o seu telefone celular. HiperNoticias fez inúmeras tentativas de ligação no número informado, mas o aparelho está sempre desligado. Editoria de imagens/Hipernoticias Edson Rodrigo aparece no relatório da AGE como o responsável pelos pagamentos de maior valor. O outro servidor terceirizado envolvido é Glaucyo Fabian Oliveira Nascimento Ota, que fazia os pagamentos de menor valor. Conforme HiperNoticias já informou, Glaucyo fez pelo menos R$ 323 mil em pagamentos ilegais também para parentes e amigos, incluindo sua própria mãe, Girlayne Oliveira Nascimento Ota. (veja aqui).O terceirizado Edson Rodrigo também fez pagamentos que somam R$ 344.703,00 para Vânia Teresinha Coelho, que foi casada com seu irmão mais velho, Gil Vicente Ferreira Gomes, um servidor da prefeitura de Cuiabá, que é vice-presidente do PPS do município. O casal tem um filho em comum.Gil Vicente também inaugurou no início deste ano uma casa de eventos na avenida das Torres, em Cuiabá, chamado Buffet Tenda das Torres. Na internet é possível encontrar toda a família reunida no dia da inauguração do Buffet posando para fotos e dando entrevistas pata TV. Mayke Toscano/Hipernoticias Restaurante de Edson Rodrigo, gerecenciado por ele pela esposa no bairro Boa Esperança HiperNoticias fez uma nova tentativa de falar com Gil Vicente no telefone do Buffet nesta terça. Uma mulher que atendeu ao telefonema e disse se chamar Adriane e depois Maria Clara, mas se recusou a informar o sobrenome, deu quatro versões diferentes para a relação de Gil Vicente com o empreendimento. A primeira foi de que Gil era o dono do buffet mas não estava presente. A segunda é que o tinha vendido para ela e outros sócios. A terceira foi de que ela e os sócios haviam comprado só o ponto, já que o prédio não seria de Gil. Finalmente a quarta versão, depois que a reportagem informou qual era o assunto: Gil Vicente nunca foi dono do estabelecimento, e é apenas um “captador de clientes”. "Não tenho mais nada a falar com você, porque não te conheço. Mas, vou avisando, se colocar meu nome no jornal, vou te processar”, ameaçou Adriane ou Maria Clara. A reportagem informou-lhe o telefone da redação para ela entrar em contato, caso queira apresentar uma nova versão para o caso, de preferência a verdade, nada mais que a verdade. DOMÉSTICA E AMIGOS Chama a atenção os pagamentos feitos em nome de Tania Regina Lopes. No total, ela recebeu 292.171,00. Detalhe: segundo várias fontes ligadas à família ouvidas pela reportagem, Tania trabalha como empregada doméstica na casa dos pais de Edson Rodrigo num condomínio fechado no bairro Jardim das Américas: o advogado Vicente Ferreira Gomes e a servidora aposentada da Sefaz Albina Auxiliadora, antecessora de Magda Curvo na gerência da Conta Única. Albina e Magda são naturais de Cáceres e seriam amigas de juventude, o que tornaria a contratação de Edson Rodrigo um favor entre comadres.lém dos familiares, Edson Rodrigo também fez dois pagamentos para os irmãos Antonio de Oliveira Moraes e Nagafe de Oliveira Martins, amigos da família e especialmente de Gil Vicente. Ambos vivem atualmente em Rondonópolis, mas já viveram em Cuiabá, num apartamento no Residencial Paiaguás.Para Antônio, Edson Rodrigo pagou R$ 128.434,00 e para Nagafe outros R$ 262.372,00.OUTRO LADO Editoria de imagens/Hipernoticias A reportagem fez inúmeras tentativas para ouvir a versão de Edson Rodrigo e seus familiares sobre os pagamentos ilegais e suas ligações com os beneficiários.A primeira tentativa foi feita no dia 9 de março, no telefone celular do advogado Vicente Ferreira, pai de Edson Rodrigo. Ele se comprometeu a consultar o filho e retornar ainda naquele dia, duas sextas-feiras atrás. A reportagem insistiu no sábado, no domingo e praticamente todos os dias que se seguiram desde então.Na segunda (19), em novo contato pelo telefone celular, Vicente Ferreira foi informado pela reportagem de todas as ligações do seu filho com os beneficiários citados. Não negou nenhuma, e tentou explicar a de Tânia Regina, que estaria, segundo ele, “tentando se aproveitar da situação”, sem dar maiores detalhes, exceto que ela já teria dado um depoimento a polícia fazendária. Vicente novamente se comprometeu em atender HiperNoticias até a manhã desta terça, o que não aconteceu. A reportagem também procurou endereços residenciais e comerciais de todos os citados, fez telefonemas ao Buffet e ao restaurante dos irmãos Edson Rodrigo e Gil Vicente e também nos celulares deste último e da esposa de Edson, Thais, filha de Agnelo.ENTENDA O CASO
Edson Rodrigo Ferreira Gomes é um dos cinco servidores públicos estaduais que trabalhavam na Secretaria de Fazenda apontados como responsáveis diretos ou concorrentes por desvios de recursos do Tesouro do Estado, por meio de pagamentos ilegais da conta Única do Estado, utilizando o sistema BB PAG do Banco do Brasil.
Além dele, estão respondendo a processos disciplinares em comissões processantes instauradas na última sexta-feira (16) como responsáveis pelo esquema Avaneth Neves – Secretária Adjunta do Tesouro; Magda Mara Curvo Diniz – ex-coordenadora da Conta Única; Glaucyo Fabian Oliveira Nascimento Ota – também terceirizado subordinado a Magda; e Mauro Nakamura - Superintendente de Gestão Financeira Estadual.
Apenas em um caso já descoberto pela Auditoria Geral do Estado, foram comprovados pagamentos ilegais de R$ 12,9 milhões a pessoas que não prestaram nenhum tipo de serviço ao Estado, como os amigos e parentes de Edson Rodrigo. Os pagamentos foram feitos sem registro no sistema de pagamentos do Estado, o Fiplan, utilizando-se um expediente chamado “requisição por ofício”, como se fossem para pagar pessoas que trabalhavam no mega concurso realizado pelo Governo em 2009 e 2010.
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