SITE DETONA "FESTANÇA BREGA" DA ELITE CUIABANA
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A insustentável pequeneza do colunismo social cuiabano
Este mês fui numa dessas festas de colunismo social. Por motivos alheios à minha vontade. Foi num local grande -- com vias estreitas pros carros estacionarem, apesar de bastante espaço para estes --, mas com salão de festas pequeno. Um tédio, nunca vi tanta gente feia num evento só. Comemoração de aniversário de dez anos de um certo programa de coluna social que passa num canal da TV aberta. Com minha fantástica memória para nomes, confundi o nome do homenageado com o de um certo jornalista assassinado há dez anos atrás por um certo comendador, se é que me entendem. Chegando ao local percorrendo o tapete vermelho, eu e minha companhia nos negamos a tirar foto porque não gostamos de ser vistos (sim, somos antissociais. E sim, fomos encarados como ETs pelo fotógrafo) e nos dirigimos à nossa mesa. Vamos falar da festa por partes:
- Decoração: a coisa mais jeca que eu já vi! Não bastasse o evento ter ares insuportáveis de formatura, tinha uma Torre de Pisa no meio do tapete vermelho que dava acesso ao salão (a torre estava reta! Dane-se a geografia), uma torre Eiffel de papelão no meio do salão e uma Estátua da Liberdade no canto (que era alta demais e teve o braço serrado e a tocha removida, para não bater no teto);
- Comida: buffet fraquíssimo! A entrada era dividida em dois espaços: um decorado com temas cuiabanos (perto do palco da banda) como a viola de cocho numa pequena cobertura acima dos quitutes, e um com temas japoneses (bem decorado, mas que tinha apenas uma bandeja com quitutes japoneses de aparência questionável mas gosto bom) na outra extremidade do salão. Este tinha um pecado: serviu queijo mussarela com salgadinho como entrada! Alguém passou no mercadinho da esquina de última hora pra incrementar a entrada. Na hora do jantar, que decepção: a variedade era tão mínima quanto a da entrada, e o risoto estava deplorável, com gosto de passado! Bola fora;
- Bebida: os garçons eram razoavelmente atentos, mas sexistas: só serviam cerveja pos homens (e pior, serviam Itaipava! Cara, Itaipava só serve pra dar azia; cervejinha chulé que a turma compra quando quer economizar com churrasco de festinha niversitária) e champagne (de qualidade mediana) pras mulheres! Sem exceções. Uma hora alguém na mesa pediu champagne, ja que ninguém me servia. Mas o cara colocou numa má vontade tão grande que meu copo ficou com 80% de espuma. Fiquei mais tempo bebendo espuma do que a bebida em si. Um pecado, essa forma amadora de se servir bebida;
- Banda: nada de mais. Típica banda de formatura (Megaron). Pelo menos eles tocam ritmos variados e os cantores se revezam de acordo com o ritmo tocado, usando inclusive indumentárias relativas à música tocada. Isso não significa nada pra mim, mas para muitas pessoas essa cosmética conta pontos, então julguei honesto aqui constar esse detalhe. Comprovou minha teoria de que a breguice de um evento pode ser medida pela quantia de vezes que o Sou foda sertanejo toca (como na escala Richter). Tocaram uma vez só (fui uma vez num casamento que tocou quatro): ganharam pontos comigo por isso. De resto, só a ala geriátrica ia até a "pista" (um tapete ridículo improvisado) pra dançar. A ala e umas moças corajosas com vestidos que brilhavam mais que as luzes estroboscópicas do palco. Ronaldo Esper e Carson Kressley infartariam;
- Homenagens: a banda é interrompida pouco antes da meia noite pro homenageado da festa sortear alguns troféus (o locutor do cerimonial falou troféIs; meus ouvidos sangraram). "Alguns" é eufemismo; ele sorteou mais de vinte! E dá-lhe gente sendo
bajuladahomenageada.Até o sobrinho do porteiro do prédio do homenageado deve ter sido homenageado aquele dia.Uma hora o cara do cerimonial falou que ia revelar um "segredo" do homenageado. Mas foi uma tentativa de se conseguir empatia com o público tão pífia que até esqueci do que se tratava esse segredo. Que de segredo não tinha nada. Ele não parava de repetir que "amigos de verdade não dizem 'vai lá', mas dizem 'eu vou com você'". Eu quase dormi na mesa, mas (para o bem ou para o mal) a banda voltou; - Atrações: quando a banda foi interrompida, o cerimonial providenciou algumas atrações enquanto os preparativos para as homenagens aconteciam. Teve um grupo de balé dançando no reduzido espaço onde as pessoas dançavam (não sei como as meninas não tropeçaram entre si ou não chutaram o abdome umas das outras entre uma levantada de perna e outra), teve um grupo de dança flamenca, uma odalisca e um casal dançando ao som de músicas típicas (a performance deste foi melhorzinha). Uma mistureba bizarra. Em vez de mostrar uma só bem feitinha, quiseram impressionar mostrando várias coisas ao mesmo tempo. Ficou uma coisa jeca sem tamanho;
- Mesas: continham a decoração mais clichê possível: aquela de hastes de metal erguendo velas dentro de suportes de vidro, sabe? Típico de formatura. E algumas bandeiras do mundo. Quiseram fazer algo cosmopolita, olha que chique. Tinha também uma mesa à nossa frente que tinha um vaso enorme. Tive a impressão de que alguém da organização pegou o vaso de casa pra terminar de decorar as mesas. E, claro, tinham os cinegrafistas superdiscretos deixando todo mundo com aquela cara de poker face enquanto tentavam filmar a gente naturalmente com aquela luz cegante emanando das câmeras.
E no seu discurso após a premiação, o homenageado encerra com chave de ouro convidando sua turminha de socialites, que não sabem mais como torrar o próprio dinheiro, a comer uma feijoada no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro! Cafona e clichê. Ideia que rivaliza em mal-gosto com a decoração do lugar em si, conforme vocês podem constatar nas fotos abaixo. Eu tive de tirá-las: contando, ninguém acreditaria! como a alta society faz festas sem motivo aqui na cidade, decidi fazer este post. Já ouvi falar histórias de alguns habitués, que têm nome do Serasa mas fazem caras e bocas, por exemplo, mas a vida alheia é um assunto tão desinteressante.
(Fonte: PIQUI ROIDO)
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