quinta-feira, 24 de maio de 2012

MAIS LENHA NA FOGUEIRA
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Servidores da Sefaz teriam destruído provas de fraude
Magda Curvo disse que subordinados queimaram provas e apagaram arquivos em computadores


Charge: Papéis secretos por Thomate



A ex-coordenadora da Conta Única do Estado, Magda Mara Curvo Muniz, 49, disse, em depoimento na Delegacia Fazendária, na quarta-feira (23), que as provas do desfalque de R$ 12,8 milhões nos cofres públicos foram destruídas pelos funcionários terceirizados da Secretaria de Fazenda, Glaucyo Fabian Oliveira Nascimento Ota e Paulo Alexandre França. Ambos eram subordinados à própria Magda.

Segundo a ex-servidora, a destruição de provas teve o conhecimento do também terceirizado Edson Rodrigo Ferreira Gomes. Os três funcionários eram subordinados dela, na Coordenação da Conta Única do Estado. Magda afirmou que as provas foram destruídas logo após o caso ter sido divulgado pela imprensa, no mês de fevereiro deste ano.

Questionada pelos delegados Cleibe Aparecida de Paula e Rogério Modelli, que comandam a Operação Vespeiro, sobre qual o destino dado aos processos físicos dos pagamentos realizados por meio do sistema BB Pag, já que nem a Auditoria Geral do Estado e a própria Defaz tiveram acesso aos referidos documentos, Magda foi taxativa em afirmar que as provas foram destruídas.

Magda alegou que entrou em período de férias em novembro de 2011 e, logo em seguida, ficou afastada da coordenadoria, por conta de licença médica.

Conforme ela disse no depoimento, foi nesse período em que os funcionários Glaucyo e Paulo Alexandre apagaram os documentos que estavam armazenados nos computadores da coordenadoria e sumiram com todos os outros que estavam arquivados em um armário.

A chave do armário, segundo Magda, ficava na gaveta da mesa que ela usava e que a deixou na sala, sugerindo que teria sido utilizada pelos servidores terceirizados.

“Edson disse à interroganda que havia passado o carnaval juntamente com a família de Glaucyo, [...] ocasião em que Glaucyo disse a Edson que havia apagado todos os documentos dos computadores, e tanto ele quanto Paulo Alexandre haviam providenciado em retirar os documentos físicos que estavam arquivados naquela coordenadoria e dado um sumiço neles”, diz parte do depoimento, divulgado ontem pela Delegacia Fazendária.

Magda Curvo também revelou que o setor que deveria fazer a organização e conferência desses documentos é marcada pela desídia (preguiça), pois os servidores da Secretaria de Fazenda do Estado "não gostam de trabalhar".

“Afirma a interroganda que a conciliação era feita no setor do servidor Luiz Marcos, que cobrava-lhe, cotidianamente, a documentação necessária para realizar a conciliação, [...] vez que, na realidade, a conciliação não era realizada naquele setor por pura desídia, vez que Luiz Marco e sua equipe não gostavam de trabalhar”, diz outro trecho do documento.

"Bagunça" na Sefaz

Magda Curvo também revelou que a “bagunça” na Sefaz é um fator que auxilia as fraudes que ocorrem na pasta.

Segundo a ex-coordenadora, é comum que ofício e ordem de pagamentos sejam quitados sem a devida conferência.

Secretários citados

A ex-coordenadora disse também que todos as remessas de pagamentos feitas pelo sistema BB Pag tinham a autorização do atual secretário de Fazenda, Edmilson Santos, ou de sua adjunta, Avaneth Almeida das Neves.


Governador defende secretários e quer rigor em apuração

O governador Silval Barbosa informou, nesta quinta-feira (24), que vai mandar apurar qualquer irregularidade cometida por membros do seu governo no caso dos desvios da Conta Única do Estado.

Ele garantiu que os culpados pagarão pelos erros, após ser questionado sobre as declarações da ex-coordenadora da Conta Única do Estado, Magda Mara Curvo Muniz, que apontou uma suposta ligação dos secretários Edmilson Santos (Fazenda) e José Lacerda (Casa Civil) com o esquema que fraudou em R$ 12,8 milhões as contas públicas em Mato Grosso.

"Tudo o que houver de errado, eu vou mandar apurar. E quem estiver envolvido, vai pagar", garantiu o governador.

Silval disse acreditar que os dois assessores não estão envolvidos no esquema. "Falei hoje com o [José] Lacerda e ele confirmou que conhece algumas das pessoas envolvidas, mas garantiu que não tem nenhum envolvimento no caso. Assim como o Edmilson [Santos], também acredito que ele não tenha culpa", afirmou.

O governador assinalou que, com base no resultado das investigações, a cargo da Polícia Fazendária, todos os servidores públicos envolvidos com as fraudes que causaram prejuízos ao Erário serão devidamente punidos.

Em depoimento de mais de oito horas, na quarta-feira (23), na Delegacia de Polícia Fazendária, Magda Curvo negou a participação no esquema fraudulento, admitiu que tinha conhecimento dos pagamentos feitos pelo sistema BB Pag e que as autorizações eram assinadas pelo secretário Edmilson dos Santos.

A ex-servidora citou também o nome do deputado estadual Gilmar Fabris (PSD), ao falar sobre um pagamento de R$ 1.718.936,00, referente a carta de crédito à aposentada Maria Aparecida Oliveira. O pagamento foi feito pela Conta Única através do sistema BB PAG.

Segundo Magda, a determinação do pagamento foi ordenada pelo secretário Edmilson, a pedido do deputado.

Ela também afirmou que o servidor Edson Rodrigo, envolvido no esquema, tinha "muita ligação" com a família do secretário-chefe da Casa Civil, José Lacerda. (Hipernotícias - MídiaNews)

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