
A dupla sertaneja Neilton e Mirosmar cantava em Goiânia na década de
1970 (Foto: Arquivo pessoal)
O cantor Deoclides José da Silva, 63 anos, conhecido no meio sertanejo
goiano como Neilton, foi enterrado no Cemitério Jardim da Paz, em
Aparecida de Goiânia, na quinta-feira (20). Ele morreu um dia antes,
após um ataque cardíaco, no Instituto de Urologia Sírio Libanês, no
Setor Aeroporto, em Goiânia. Pouco conhecido pelos mais jovens, Neilton
foi o segundo parceiro de Zezé di Camargo, 50 anos, com quem formou a
dupla Neilton e Mirosmar - o verdadeiro nome de Zezé é Mirosmar José de
Camargo. Eles começaram a parceria depois da morte de Emival, da dupla
Camargo e Camarguinho, irmão de Zezé, na década de 1970.
Neilton era mineiro de Perdizes, mas vivia em Goiás há cerca de 40 anos.
Ele teve quatros filhos, dois quando ainda era solteiro e outros dois
quando se casou. Passou os últimos anos em Aparecida de Goiânia com a
mulher e as duas filhas mais novas. Quando perguntada sobre a profissão
do pai, uma das filhas do sertanejo, a advogada Janaine Borges da Cruz,
28 anos, é taxativa: ele era cantor. “Teve uma época em que ele até
vendeu peixes e fez bicos para se sustentar, mas era cantor”, afirma.
Neilton não fazia shows há algum tempo, mas, às vezes, participava de
shows de amigos.
Ele também chegou a formar a dupla Neilton e Amarílio, falecido há dois
anos. Eles gravaram apenas um CD. Neilton gravou ainda um CD solo “Cuida
de você para mim”, com 12 músicas de Ney Nando, Antônio Bueno, Nilton
Lamas, Itamaracá, Maria Zélia (esposa do cantor Soleny, da dupla
Solevante e Soleny), Sandro Lúcio e José Domingues.
Talento
Neilton conheceu Zezé quando o atual parceiro de Luciano ainda era
conhecido por Mirosmar e fazia a dupla Camargo e Camarguinho com o irmão
Emival Camargo, que morreu ainda criança, aos 11 anos, em um acidente
de carro no ano de 1975. “Meu pai ficou encantado com o talento dele”.
Os dois se reencontraram depois da morte de Emival”, diz Janaine.
Na dupla Neilton e Mirosmar, Neilton fazia a segunda voz e tocava
violão. Zezé di Camargo era a primeira voz e o seu instrumento era o
acordeão. A diferença de idade entre os dois era de 13 anos. O pai de
Zezé di Camargo e Luciano, Francisco de Camargo, ficou surpreso com a
notícia e conversou sobre a morte do artista. “Sou amigo da família.
Acho esquisito ele ter morrido e não terem me avisado”, falou.
“Quando fez sete dias que o Emival morreu, nós fomos à sepultura dele e
depois passamos no extinto programa do Coronel Hipopótamo [transmitido
pela TV Anhanguera, afiliada da Rede Globo em Goiás]. O Zezé pediu um
acordeão para tocar e falou chorando. ‘Deus levou meu parceiro. Se eu
achar um parceiro, vou cantar uma música em homenagem ao irmão. O
Neilton estava no auditório e se ofereceu para cantar junto”, recorda-se
Francisco de Camargo. No entanto, ele diz que não se lembra o nome
dessa música.
Fonte: G1
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