MATO GROSSO FERRADO NA DESADMINISTRAÇÃO MENDES
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Volta às aulas presenciais é fazer roleta russa com a vida da população
Presidente do Sintep/MT faz a defesa do posicionamento dos profissionais em permanecer em atividades remotas diante do risco apresentado pela terceira onda da pandemia A incompreensão de parte dos pais e familiares dos estudantes à defesa dos profissionais da educação pública pela continuidade das atividades remotas, foi tratada pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT), Valdeir Pereira, na quarta-feira (26/05), em entrevista a Rádio Conti no programa “Giro Conti”, apresentado por Lino Rossi. Na oportunidade, questionamentos sobre a resistência dos educadores a volta às aulas presenciais, mesmo que com 50% dos estudantes, foi sinalizada por alguns ouvintes como prevaricação da categoria. Na compreensão de alguns, ou falta dela, a decisão dos educadores é recebida como ‘dificuldade criada’ para o trabalho e estes, estão sendo responsabilizados pelas consequências do déficit de aprendizagem dos estudantes. Para o presidente Valdeir Pereira, é compreensível, apesar de discordar do posicionamento, a angústia apresentada por parte da população. Afinal, muitos estão trabalhando e desesperados, fazendo malabarismos para cuidar das crianças, adolescentes e jovens que estão em casa, sem ir para as escolas, e ainda, grande parte sem acesso às aulas remotas. Conforme o dirigente, essa realidade só constata a ausência das políticas públicas sérias diante da gravidade do quadro da pandemia. A recorrente defesa do Sintep/MT pelo isolamento social, com auxílio econômico para os trabalhadores, e principalmente estrutura e equipamentos para os estudantes garantirem o acompanhamento da participação nas aulas remotas, são ignorados pelos governantes. Estrutura necessária para que a população não corra risco desnecessário.
“Grande parte das pessoas está circulando, quer seja para trabalhar e muitas para se divertirem, em bares, shoppings, transporte coletivo, numa verdadeira roleta russa com suas vidas e a do próximo”, disse.
Diante dessa realidade, e do retorno de muitas atividades, entre elas o funcionamento presencial das escolas privadas, surge o recorrente comparativo entre os dois modelos de ensino. “Volta às aulas presenciais na rede pública estadual significa a movimentação de cerca de 400 mil pessoas nas unidades de ensino, e o respectivo contato delas com outra parcela da população que são os familiares, ao levarem as crianças para escolas ou quando os estudantes retornam para seus lares”, destacou Valdeir.
Segundo o Sintep/MT, a comparação entre o público e o privado é muito utilizada pelos governantes quando querem acusar de falta de excelência na qualidade da educação pública. Contudo, omitem o quanto é investido nas escolas privadas em comparação com o que os governos investem na rede pública. O que justifica, segundo Valdeir, a falta de infraestrutura das escolas estaduais. E mais, o número de estudantes. Dados do Censo Escolar de 2019, registra que a Educação Básica na rede privada de Mato Grosso é responsável por 12% do total de matrículas, enquanto na rede estadual esse quantitativo sobe para 44% dos estudantes.
“A perspectiva de terceira onda da pandemia será antecipada com aulas presenciais no estado. Quanto à aprendizagem dos estudantes, a abertura das escolas por si só não resolverá o déficit dos estudantes. Mas o déficit se recupera, vidas não”, concluiu.
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