POLÍCIA / CASO MARCHETTI
MP não acredita que caseiro matou ex-secretário por ter abusado sexualmente de esposa
Órgão irá oferecer denúncia contra caseiro, mas deve pedir diligências a Polícia Civil para tentar solucionar motivo do crime. Delegado responsável pelas investigações disse que ainda não foi notificado.
JOÃO RIBEIRO
Repórter MT |
O Ministério Público Estadual (MPE) continua não aceitando a versão de crime passional, onde o caseiro, Anastácio Marafron, tenha assassinado a tiros o ex-secretário de Infraestrutura Vilceu Marchetti, porque o flagrou apalpando as nádegas da sua esposa, durante um jantar em uma fazenda, próximo a Barão de Melgaço (120 km de Cuiabá).
No entanto, ofereceu denúncia de homicídio doloso, feita pelo delegado da Polícia Civil de Santo Antônio do Leverger (33 km da capital), Marcel Gomes.
Ao RepórterMT, a assessoria de imprensa do MPE, confirmou o oferecimento da denúncia, informando que o promotor de Justiça, Natanael Moltocaro, não tem dúvidas que Anastácio seja o autor do crime, porém não acredita na sua versão. Por isso, exigiu que a Polícia Civil continuasse com as investigações do caso.
No entanto, também ao RepórterMT, o delegado Marcel Gomes, disse que ainda não foi notificado sobre a 'dúvida' do MPE. Já que nos últimos dias realizou as 15 das 17 diligências exigidas pelo MPE. segundo ele, para concluir o inquérito falta apenas ouvir novamente a esposa do ex-secretário e a proprietária da fazenda onde ocorreu o crime.
“Acredito que no início da próxima semana vou tomar o depoimento da mulher da vítima. E entre os dias 15 e 20 de outubro a dona da propriedade deve estar na cidade e também será ouvida. Com isso, vou terminar os autos, exigidos pelo MPE, e enviar ao órgão”, explicou.
INTRIGANTE
Cerca de um mês antes de ser assassinado, Marchetti foi vítima junto com a esposa, de um assalto na mesma fazenda. Na ocasião, assaltantes invadiram a propriedade, renderam do casal e depois o trancaram em um banheiro. Em seguida fugiram levando vários objetos de valores.
Marchetti ainda era investigado no escândalo dos ‘Maquinários’, que explodiu no final do mandato de Governador do Estado, do atual senador Blairo Maggi (PR), em 2010. O ex-secretário também tinha seu nome envolvido nas investigações da Operação Ararath.
INQUÉRITO INCOMPLETO
No fim de julho o MPE, por meio do promotor de Justiça, Natanel Moltocaro, não refutou o resultado das investigações do crime, feito pelo delegado Sidney Côrrea na época, e determinou que a Polícia Civil realizasse novas diligências para elucidar o crime. Semanas depois o respectivo delegado foi transferido de delegacia. Com isso, Marcel assumiu as investigações.
Em um parecer contra o pedido de revogação da prisão preventiva do caseiro, o promotor classificou como incompleta a investigação do caso. Sendo que no processo criminal enviado ao MP, sequer foram anexados os exames de necropsia do corpo e o pericial do local onde a vítima foi encontrada.
O CRIME
Marchetti foi assassinato com três tiros na noite do dia 7 de julho. Marafron confessou em depoimento que cometeu o homicídio porque teria flagrado a vítima apalpando as nádegas da sua esposa, de 36 anos.
Segundo os delegados da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da capital, Silas Tadeu, Anaíde Barros e Walfrido do Nascimento, que deram apoio nas investigações do delegado Sidney, disseram que Marafron flagrou ex-secretário apalpando as nádegas da esposa, o homem tirou tudo a ‘limpo’ em um lugar da fazenda.
Durante a discussão do casal, a mulher confessou os abusos. Com isso, o homem foi até o apartamento onde Marchetti dormia, sacou uma arma e atirou na vítima.
Após o assassinato, ele jogou a arma no rio que corta a fazenda e agiu normalmente durante o trabalho da Polícia Militar, que chegou primeiro no lugar.
Ao perceber o comportamento da mulher, os policiais a indagaram sobre o crime, quando ela confessou ter sido abusada pela vítima. Com isso, Anastácio confessou o assassinato e foi preso em flagrante.
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