Cada vez mais encurralado e com risco de
cassação do mandato, governador Barbosa é
desmentido por dono de "Banco Clandestino"
que abastecia organização criminosa com
dinheiro "lavado"
De acordo com o "banqueiro", a nota foi assinada dessa forma a pedido do próprio Silval, a fim de garantir o pagamento a outro agiota.
Com a força tarefa montada esta semana, em Brasília, analistas asseguram que dificilmente o governador Silval Barbosa concluirá seu mandato, podendo ser de hora para outra despejado do cargo, juntamente com seu secretariado e asseclas que comandam megas roubalheiras no Estado. Para piorar ainda mais a situação, as declarações prestadas à Polícia Federal pelo agiota Júnior Mendonça, "delator premiado" da Operação Ararath, se chocam com a afirmação do governador Silval Barbosa (PMDB) que, questionado pela imprensa sobre uma nota de R$ 702 mil encontrada durante as investigações, alegou que teria sido avalista de Mendonça, já que seu nome consta no campo de avalista e do agiota, no campo de emitente.
Conforme o depoimento de Júnior Mendonça, essa teria sido apenas uma das transações feitas entre ele e Silval. Nesse caso, Mendonça relatou à PF que Silval fez um empréstimo junto a outro agiota, Fernando Garuti, e pediu que Mendonça pagasse a conta.
Ainda de acordo com o delator, a nota foi assinada dessa forma a pedido do próprio Silval, a fim de garantir o pagamento ao outro agiota.
Mendonça afirmou à PF que o valor foi pago por ele à Garuti e que a quantia entrou no esquema da ‘conta corrente’, que já mantinha com o Estado.
“QUE SILVAL BARBOSA tomou empréstimo junto a FERNANDO GARUTI, no valor de RS 702.000.00 e pediu para o depoente garantir o pagamento mediante emissão da promissária: Que foi o depoente quem pagou FERNANDO GARUTI. (...). QUE esse valor entrou no esquema do grupo de "conta corrente" mantido com o depoente, ou seja. a relação de créditos e débitos mantidos entre eles”, relata trecho do depoimento do delator.
A nota em questão foi datada em 20 de setembro de 2008, com vencimento para 20 de novembro de 2008.
Com base no depoimento o delegado da Polícia Federal, Wilson Rodrigues de Souza Filho, conclui que a prática revela uma verdadeira organização criminosa instalada nos altos escalões do Estado de Mato Grosso, que se utilizou da estrutura de instituição clandestina informal mantida por Júnior Mendonça.
DECLARAÇÕES DE SILVAL
Quebrando o silêncio após a deflagração da Ararath, no dia 20 de maio, Silval declarou à imprensa, nesta terça-feira (03), que assim como a maioria dos empresários de Cuiabá, conhecia Mendonça, que atuava com uma instituição financeira.
“Conheço sim. Todo mundo conhece. O Júnior Mendonça é uma figura pública porque todos os empresários tinham ele como um banco”, frisou.
Diante da nota promissória no valor de R$ 702 mil Silval alegou que sua assinatura consta no campo de avalista, portanto ele não teria feito o empréstimo.
“Parece que o Silval Barbosa, na campanha, aparece como avalista do Júnior Mendonça. É uma nota assinada como avalista em nome do emitente. Como que eu pego um dinheiro com um determinado cidadão e ele é emitente e eu sou o avalista?”, explicou.
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