Centenária, Nympha relembra ‘velha Cuiabá’ e conta segredo da vitalidade
No próximo dia primeiro de novembro, dona Nympha Escolástica da Silva, tradicional mato-grossense, completa seu centésimo aniversário e a comemoração está prevista para começar às 8h, com missa na Igreja Santo Antônio, em Santo Antônio do Leverger, terra natal da homenageada. Para falar da festividade, dona Nympha me recebeu carinhosamente no sofá de sua casa há algum tempo. Não a conhecia, e o que impressiona – e cativa – a primeira vista, é sua lucidez e vitalidade.
Além da saúde física, a memória da senhora também é privilegiada. E privilégio maior é poder, em alguns instantes de conversa, conhecer uma Cuiabá desconhecida, esquecida e superada pelo tempo. Uma Cuiabá viva apenas na memória de remanescentes da geração de Nympha. Pare um instante para pensar, até onde a sua memória alcance, você já reparou o quanto a cidade mudou nos últimos anos? Então imagine quantas transformações não ocorreram nos últimos 100 anos das quais Nympha foi testemunha ocular da história.
Como se fosse ontem, ela lembra personagens históricos da política mato-grossense, importantes períodos históricos do Brasil e detalhes da rotina da velha Cuiabá. Hoje, já não se empolga mais quando o assunto é política. “É muita roubalheira”, lamenta. E Cuiabá já não tem o mesmo charme e segurança. “Cresceu e não é mais como antes. Não tem mais segurança. Naquele tempo se amarrava cachorro com linguiça”, brinca.
Nesse longo período de vida, dona Nympha casou-se com o poconeano José Vitoriano da Silva Lara, teve filhos, netos, bisnetos e um tataraneto. Perdeu o companheiro, amigos e familiares. “Morreu todo mundo”, afirmou com uma certa melancolia de quem viu toda uma geração ir embora. Deve ser solitário chegar aos 100 anos com tal lucidez.
Se quisesse, dona Nympha poderia muito bem mentir a idade. Ela caminha sozinha apenas com a ajuda de uma bengala, lê e escreve sem óculos. Um dos segredos dessa disposição toda, segundo ela, está no garfo. “Me alimento muito bem, tomo guaraná. Minha pressão é ótima e nunca tomo remédio para o coração”.
A festa de 100 anos dela vai ser especial pelo que o número representa, mas se depender das estimativas dos médicos, a família ainda vai ter de preparar muitas comemorações para a matriarca. “O médico me disse que vou chegar aos 120 anos”, diz. Quem a conhece, não duvida.
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