Empresário multimilionário e ex-candidato a governador pelo PSB de Mato Grosso, Mauro Mendes desabafa e revela que não deve dinheiro a ninguém, mas sim tem milhões a receber por empréstimos a figurões dos governos Silval Barbosa/Blairo Maggi
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(Ely Santantonio)
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Até maio de 2008 a farra dos precatórios em Mato Grosso tinha solapado os cofres do Tesouro Estadual em R$ 982.163.883,85.
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Investigações conduzidas por promotores do MPE, entre eles Ana Cristina Bardusco, detectaram em agosto do mesmo ano, após denúncias seguidas do candidato a governador Mauro Mendes (PSB), que em 4 anos o Estado tinha deixado de arrecadar R$ 800 milhões em impostos.
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Duas empresas de fachada, de um único dono instalado em confortável gabinete dentro do complexto CPA, e em nome de "laranjas", usando anúncios em classificados locais, passaram a simular "duelo" nos preços dos precatórios adquiridos (de preferência) de servidores estaduais. Não vendendo para uma, doutra não escapava.
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Cada lote de cartas de crédito no valor R$ 10 mil, por exemplo, dependendo dos casos (ou do desespero do portador dos títulos) era arrematado até por R$ 1.500,00.
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Revendido posteriormente por até R$ 6.000,00 a grandes empresas do Estado (entre as mais conhecidas e citadas em investigação os grupos Modelo, City Lar, Atacadão e Ariel).
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Fora de Mato Grosso foram dectados compradores diversos, entre eles a construtora Mendes Junior, grupo JBS Friboi, MG Holding e grupo Sadia, todos com interesses empresariais em Mato Grosso, voltados para o agronegócio.
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O vasamento de informações sobre as investigações até então sigilosas, levou a um impasse entre o Governo do Estado e o MPE, quase transformado em escândalo não fosse pronta intervenção do deputado Mauro Savi(PR), obrigado a abandonar sua campanha de reeleição no interior do Estado para abrandar os ânimos. Investigações paralisadas, ninguém punido e uma conta negativa para o Tesouro Estadual que, hoje, estimativas do próprio MPE calculam em R$ 1,8 bi. Sem grana, tome precatórios.
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Ainda em relação aos precatórios, fonte extremamente próxima ao empresário Mauro Mendes, partícipe nas suas duas eleições, profundo conhecedor dos bastidores financeiros do Estado (público e privado) revelou ao editor Ely Santantonio, no sábado (19), que em março de 2009 o dono do grupo Bimetal foi procurado por três pessoas na sua residência, em Cuiabá.
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Trio em questão: José Aparecido Santos, Eder Moraes e Genilton Nogueira. Assunto: Suposta dívida da campanha de 2008 (despesas extrapoladas e desvios de finalidades) para auxiliar nas eleições de Adilton Sachetti (Rondonópolis), Murilo Domingos (VG), Juarez Silva (Sinop), do próprio Mauro Mendes (Cba) e outros municípios menores, incluindo os de Diamantino e Arenápolis. Valor da dívida: 34,5 milhões. Cabos eleitorais já estavam há bom tempo ameaçando delatar fraudes e incendiar comitês. "Quirelas" vinham sendo usadas para acalmar os ânimos.
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Um empresário de Brasília, amigo pessoal do Eder (Até então titular da SEFAZ-MT), havia se comprometido com a metade. Ciente do "pepino" e não querendo se envolver com fuligens do Caixa II, o governador Blairo Maggi mandou que se virassem. "Do governo não sairá um centavo", explodiu ao telefone num questionamento feito por Mauro Mendes ao ter ciência do problema.
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Dois dias depois, retirado de um fundo de investimentos, Mauro Mendes, segundo a mesma fonte, entregou em espécies ao trio que o tinha procurado, e desta feita acompanhado de quatro seguranças armados, R$ 8,5 milhões.
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Recebeu como garantias da dívida, além de precatórios os documentos escriturados de duas fazendas (uma delas com 18,6 mil hectares) na bacia do rio Juruena, região de Colniza (Norte do Estado, anteriormente município de Chapada dos Guimarães), tituladas ainda na década de 80, no governo do hoje deputado federal Júlio Campos.
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Passados quase três anos, conforme a fonte, apenas parte da dívida foi paga. Sem contar juros e correção monetária, o dono da Bimetal ainda tem para receber R$ 5,9 milhões. Detalhe: As fazendas são reais, existem, mas invadidas e em demandas judiciais, conforme descoberto posteriormente. Um golpe de mestre!
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Na semana passada, em entrevista a uma emissôra de rádio da Capital, Mauro Mendes, em desabafo inédito revelou não apenas a armação da qual foi vítima no tocante ao "borrachudo" de R$ 1,1 mi, segundo ele dado ao atual governador Silval Barbosa (PMDB) e ao então titular da Sefaz como garantia de uma dívida. Achou que tinha sido desnecessário, rasgado. Cerca de dois anos após foi depositado, sustado e pesou na derrota de Mauro ao governo do Estado, em 2010. E disse mais: "Fui sacaneado por pessoas das quais fui amigo, me trairam e me devem. E muito! Muito mais que o valor do cheque em questão".
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Outro detalhe importante, segundo a fonte que revelou sobre os precatórios: Há poucos dias das eleições, em 2010, em reunião decisiva no comando da campanha de Silval Barbosa, Eder Moraes e Francisco Fayad (coordenador jurídico) foram decisivos ao argumentar e convencer Barbosa a fazer uso da "arma". No caso, a folha de cheque guardada a sete chaves. Dorilêo Leal, do Grupo Gazeta, detonou a BOMBA.
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E pensar que tempos antes, todos amigos, fundaram até uma associação para transformar o Mixto cuiabano num grande clube de futebol, com promessa de integrar até o grupo de elite do Campeonato Brasileiro.
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Membros da diretoria e conselho, no ato da fundação, em 2009: Blairo Maggi, Mauro Mendes, Dorilêo Leal e Eder Moraes, entre outros figurões. Resultado: Mixto não ganhou um único campeonato, foi rebaixado até da Série C e por pouco não abandonou o futebol.
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