Centenas de servidores da prefeitura de VG ainda estão sem receber; Funcionários “montam acampamento” na Secretaria de Fazenda

Publicado em :11/04/2011 (VG Notícias)


Dia 11 de abril de 2011 e centenas de servidores da prefeitura de Várzea Grande continuam sem receber, graças à ação “caça fantasmas” do prefeito interino João Madureira (PSC). Funcionários da Educação, da Saúde, da Infraestrutura, servidores que ganham R$ 500 por mês e outros que ganham R$ 2 mil, todos os que trabalham estão na mesma situação – sem salário do mês de março.
Desde as seis da manhã desta segunda-feira (11.04), dezenas de servidores estão reunidos na porta da Secretaria de Fazenda do município, em mais uma tentativa de ver o dinheiro ao qual têm direito, depositado na conta.

“Vocês querem saber o que realmente significa esse recadastramento, ou querem a verdade mascarada”, indagou um funcionário de serviços gerais da Educação, à reportagem do VG Notícias. “Pois bem”, disse ele, “eles inventaram esse recadastramento em questão de horas –não foram dias – com a intenção de prejudicar o funcionalismo público, mas os menores. Porque os que eles estão procurando, eles vão achar entre eles e não assim”, falou revoltado o servidor, que há 10 anos presta serviços para a prefeitura.

Alguns dos servidores que “montaram acampamento” em frente a Secretaria, informaram que já estão no quarto, ou quinto recadastramento – sem sucesso. “Para mim eles alegam que minhas testemunhas não são efetivas, mas tenho amigas que tiveram como testemunhas, servidores lotados esse ano e deu tudo certo. Eles nem sabem o que estão dizendo. Vamos a nossa secretaria, dizerem que é no administrativo, vamos ao administrativo dizem que tem uma comissão analisando. Sou supervisora do Centro Municipal de Educação Infantil (CEMEI) Antônio Norberto, há 20 anos e nunca aconteceu isso. Estava tudo certo, meu cheque estava grampeado no holerite, meu recadastramento estava ok, mas eu não recebi o dinheiro na conta”, ponderou Benedita Enil da Veiga.

Outra preocupação dos servidores que não receberam é o fato de hoje ser depositado todos os empréstimos consignados dos bancos. “Como iremos pagar? E os juros? Não são eles que vão arcar com o prejuízo. Além disso, o absurdo é tão grande que eu sou concursada em duas cadeiras, uma deu tudo certo, na outra sou ‘fantasma’. Achamos que tirando o Murilo não tinha como ficar pior, mas ficou”, disse uma professora do CEMEI Lucimar.

Os garis também estão com os mesmos problemas. De acordo com o servidor Ambrósio Pereira da Silva, há 11 anos funcionário da prefeitura, isso nunca havia acontecido. “Já assinei tanto papel que nem sei, mas meu dinheiro nada. Agora disseram que iriam resolver hoje, estou esperando, eu e mais um monte de garis. Estamos aqui desde cedo, vamos ver se resolvemos. Mas no fundo, eu só posso estar como fantasma mesmo”.

Segundo informações dos garis presentes na Secretaria, cerca de 30 funcionários da categoria estão na mesma situação. “Não é só a gente, tem na saúde, na educação, é por tudo. Os que trabalham viraram fantasmas e os fantasmas continuam vagando livremente. Sinceramente, ruim com Murilo, pior sem ele”, disse um gari que preferiu não se identificar para não sofrer represália.

Ações - De acordo com a presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep), Cida Cortez, grupos de servidores estão entrando na Justiça por meio do Sintep. Além disso, na tarde desta segunda-feira, o Sindicato vai ingressar com uma ação por Abuso de Poder. “Eles estão ferindo a dignidade humana. Já entramos com mais de 20 ações e vamos ajudar a todos que estiverem dispostos a reaver seus direitos”.

Outro lado – O VG Notícias tentou entrar em contato com o procurador-geral de Várzea Grande, César Travassos – já que ao indagar membros da comissão que está analisando o recadastramento dos servidores, a informação foi de que apenas o procurador poderia responder – mas o mesmo não atendeu as ligações e nem retornou até o fechamento desta reportagem.


por Gabriela Galvão