terça-feira, 9 de agosto de 2011
"Investir em BRT é rasgar dinheiro público", afirma em entrevista Eder Moraes
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Presidente da Agecopa explica porque Cuiabá prefere o transporte sobre trilhos
O presidente da Agecopa, Eder Moraes, concedeu entrevista ao site Portal 2014, defendendo a implantação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) como transporte público focado no Mundial. O site é organizado pelo Sindicato Nacional da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco) e pela Editora Mandarim.
Conforme o veículo de comunicação, Eder é um "defensor do VLT e entusiasta dessa versão contemporânea do velho bonde". Em entrevista realizada por telefone, o presidente expõe argumentos e afirma que o Estado investirá na obra caso o Governo Federal não inclua o VLT na Matriz de Responsabilidades para a Copa de 2014.
Confira os principais trechos do presidente da Agecopa ao site:
Por que Cuiabá decidiu mudar seu sistema de transporte urbano?
Eder Moraes: Antes de eu assumir o cargo, a Agecopa já havia definido sua opção pelo BRT, contando com o financiamento da Caixa Econômica Federal. Não conheço as justificativas para essa opção, mas assim que assumi a agência passei a estudar alternativas, em sintonia com o governador Silval Barbosa e com a Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Vimos que os planos para o BRT praticamente rasgavam o centro da cidade e cortavam edifícios ao meio, inclusive alguns prédios históricos do centro. A proposta e o orçamento de R$ 450 milhões do BRT não considerou as desapropriações. Se Mato Grosso optar pelo BRT estaremos jogando dinheiro fora, investindo em um sistema obsoleto.
A opção do governo é pelo VLT...?
Eder Moraes: Sim. Fomos buscar um modelo mais "verde", com maior capacidade de passageiros, menos tempo de paradas, e que tivesse um tempo e horário de saída e chegada previsíveis. Queríamos um sistema de transporte que tivesse atratividade para os usuários de automóveis particulares, de forma a estimular o transporte coletivo e melhorar as condições de tráfego da cidade. Preparamos um estudo com cerca de 300 páginas, que nos mostrou o VLT como o melhor modelo para a cidade. A população terá um transporte melhor, com visual mais contemporâneo, menor impacto ambiental, e movido por energia elétrica, com redução da poluição ambiental, além de estimular uma convivência mais pacífica entre veículos e pedestres. Fizemos uma pesquisa na cidade e constatamos que 85% dos cidadãos que hoje enfrentam o trânsito com seus próprios veículos aprovam o VLT, e cerca de 25% deles optariam pelo VLT como sistema de transporte. Queremos desenvolver um projeto para 100 anos, uma obra que terá menor custo de manutenção e que será útil mesmo que a cidade cresça.
Quais são as dificuldades para implantar o VLT em Cuiabá?
Eder Moraes: Os técnicos da área de transportes tendem a optar pelo BRT, porque conhecem melhor os sistemas baseados em ônibus. Os críticos à proposta do VLT argumentam que ainda não temos um projeto. É preciso esclarecer que os estudos para implantação do BRT foram doados ao governo do estado enquanto o projeto do VLT terá um custo de R$ 22 a 25 milhões. Não vamos investir no projeto enquanto não houver uma definição positiva para não perdermos esse investimento. Esperamos que o Ministério das Cidades tome essa decisão até o dia 15 de agosto, mas mesmo que o governo federal não aceite incluir o projeto na Matriz de Responsabilidades o estado de Mato Grosso assumirá o projeto, porque tem capacidade de financiamento e de investimento.
Mas e o prazo? Vai ser possível concluir a obra até 2014?
Eder Moraes: Os projetos de mobilidade urbana estão sendo desenvolvidos para a cidade de Cuiabá, não apenas para a Copa. Nós já protocolamos um documento que mostra que cumpriremos os prazos exigidos pelo Ministério do Esporte e pela Fifa.
E em relação ao custo para o passageiro?
Eder Moraes: Essa questão depende da forma de viabilizar o projeto. Se tivermos que optar por uma PPP, o investidor privado precisará de um retorno financeiro e isso vai puxar a tarifa. Com o financiamento de R$ 1,1 bilhão ou menos poderemos criar uma companhia estatal ou de economia mista e praticar uma tarifa bem próxima do valor atual do ônibus.
Alguns especialistas argumentam que a capacidade do VLT está muito acima da demanda real de transportes de Cuiabá...
Eder Moraes: Temos picos de sete a oito mil passageiros por hora no transporte entre Cuiabá e Várzea Grande. Vamos ajustar a quantidade de vagões para a demanda, garantida a qualidade do serviço e o conforto aos passageiros.
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